As minhas dúvidas antes de investir em ETFs

Rui Pedrosa
6 min readApr 21, 2021

Assim que eu ouvi falar de ETFs como estratégia de investimento passiva / complemento de reforma, questionei-me ao ponto de eu me sentir confortável em dar a minha primeira ordem de compra. São essas perguntas e respostas que agora partilho com a esperança de ajudar outros investidores portugueses.

Se ainda não sabes o que é um ETF ou porque este é um excelente instrumento de investimento passivo / complemento de reforma, eu recomendo começar pelo vídeo do Franklin aka Edge Over HedgeETFs | O MELHOR Investimento que TU Podes Fazer” e/ou curso gratuito por email do Mário aka “Index Fund (European) Investor”. Para além deste post, podes também achar interessante ler este.

Aviso:
Eu sou um programador informático. Essa é a minha actividade principal e onde foco a minha atenção. Não sou um investidor experiente nem estou à procura de o ser. Felizmente, tinha algum dinheiro disponível para investir em complemento de reforma e li o suficiente para me sentir confortável em investir num único ETF (Vanguard FTSE All-World UCITS ETF (USD) Accumulating) ao invés, de por exemplo, um PPR. No entanto, em nenhum caso, este post deve considerado como aconselhamento financeiro mas apenas e só uma partilha de informação sujeita a erro com a esperança de ajudar outros investidores portugueses a se sentirem mais confortáveis em investir num ETF

ETF ou PPR?

Para mim, a grande vantagem de um PPR em Portugal, é a fiscalidade à saída (mais do que os benefícios fiscais na dedução à colecta de IRS). Porquê?

  1. A taxa de IRS sobre mais-valias é de 8,6% ao invés de 28%;
  2. Na maior parte dos casos, os benefícios fiscais na dedução à colecta podem ir até aos 400 euros (dependendo da idade e montante das entregas). No entanto, “nos termos do art. 78.º do CIRS, concorrem para este limite não apenas as entregas efectuadas em PPR, mas todos os benefícios fiscais dedutíveis à colecta”. Ou seja, é provável que possa atingir os 400 euros mesmo sem declarar o PPR! E se, por alguma razão, precisar de resgatar antecipadamente o seu PPR e já tiver usufruído do benefício fiscal à entrada, ou seja das deduções em IRS, vai ter de devolver esses montantes acrescidos de 10% por cada ano decorrido;

Dito isto, a grande questão para mim é: o que é melhor? PPR sem os benefícios fiscais na dedução à colecta e regaste após 8 anos em condições não previstas na lei (8,6%) ou investir em ETFs?

Eu decidi por ETFs! Vejamos um exemplo:

  • Cenário:
    Investimento de 1000€ e rentabilidade bruta de comissões 5%
    rentabilidade anual ETF: 4.8% (assumindo TER de 0.20%)
    rentabilidade anual PPR: 3.4% (TER + 1.4%)
  • Resultado ao fim de 8 anos:
    ETF: 1455€. Com impostos fica 1327.6€ (1000€+(455*0.72))
    PPR: 1307€. Com impostos fica 1280.6€ (1000€+(307*0.914))

Nesta simulação, ETF ganha. Mais, um TER (Taxa de Encargos Recorrentes ou Total Expense Ratio em inglês) de apenas 1.4% num PPR nacional é muito bom, para não dizer quase irrealista. A verdade é que a maior parte dos PPRs comercializados em Portugal tem um TER superior. Já um TER de 0,20% num ETF é also normal/frequente.

Se quiseres saber mais sobre esta temática, recomendo começares pelo vídeo do Franklin Silva: “Razões Para NÃO Investires Em PPRs (Planos Poupança Reforma)”. Na descrição do vídeo vais encontrar outras simulações:

Edge Over Hedge - “Razões Para NÃO Investires Em PPRs (Planos Poupança Reforma)”: ETF vs PPR simulação

Mas qual o melhor(es) ETF(s)?

Não há um melhor ETF 😃, ou, dito de outra forma, o que é um melhor ETF para mim, não necessariamente é o melhor ETF para ti. Para começar, o Mário tem um bom artigo em como escolher um ETF mas certamente na Internet encontrarás mais dicas. No meu caso, eu optei por uma estratégia de um único ETF que investe em todo o mundo (1-ETF solution). Deste modo, tenho diversificação e não tenho que me preocupar em como estão os diversos mercados mundiais estão a evoluir, balencear a carteira, etc... prefiro passar esse tempo na praia com um fino na mão 🍺 🌊 😎
Entre as opções “All-World index”, escolhi o ETF da Vanguard porque:

👉 Tem um TER (Total Expense Ratio) baixo/aceitável para mim;

👉 O fundo tem muito dinheiro investido, isto é, é pouco provável que venha a terminar por exemplo;

👉 É acumulativo (não distribuí dividendos). Em Portugal, esta á uma vantagem pois poupa-me tempo todos os anos na declaração de IRS e leva-me a uma maior rentabilidade;

👉 É de replicação física (e não sintética) com um baixo “tracking error”. Está domiciliado na Irlanda e é transacionado em euros; 😎

👉 Mais diversificado do que o indíce MCSI e porque vi outras pessoas com mais historial do que eu a investir neste também. No entanto, este para mim é um detalhe quase irrelevante. Investir, por exemplo, no iShares MSCI ACWI UCITS ETF (Acc) em alternativa parece-me igualmente bom;

Como comprar o ETF? Que correctora devo usar? E se a correctora falir? E se a gestora do fundo falir?

Podem parecer perguntas ridículas mas estas são as perguntas que me fazem dormir mais ou menos descansado e que mais tempo despendi na procura de respostas.
Como pretendia comprar várias unidades de participação (UN) de um único ETF numa única transacção, os custos de transacção não eram o mais importante para mim. O mais importante para mim era a segurança da correctora / gestora do fundo visto que este é um investimento a longo prazo e prefiro sentir-me seguro. E se a corretora falir? E se a entidade que gere o fundo (Vanguard, iShares/Blackrock, etc) falir?

Resumidamente, o importante é comprar através de uma correctora que está regulada (em Portugal estamos a falar da CMVM) e que tem segregação de activos. Quanto ao fundo, é mais seguro se a sociedade gestora tiver historial e um grande volume de activos sobre gestão (Vanguard, iShares, etc).

Como já tinha conta no banco Invest, decidi comprar o ETF por lá ao invés de algumas corretoras igualmente conceituadas e consideradas seguras como a Degiro ou Interactive Brokers (IB). Porquê?

👉 Mais uma vez, a diferença no custo de transacção era insignificante para mim;

👉 O banco Invest não cobra custódia de títulos e tem segregação de activos (consultar Condições Gerais de Conta, Cap. III Registo, Depósito e Ordens de Instrumentos Financeiros, ponto 10)

👉 Se alguma coisa correr mal, é, a priori, mais fácil tratar de tudo com a CMVM do que com a entidade reguladora de uma corretora sediada fora de Portugal (Holanda no caso da Degiro)

Se fosse comprar ETFs mensalmente e num volume relativamente baixo (tipo 100 ou 200 euros), provavelmente optaria pela Degiro — conta custódia.

Resumindo

Nunca esquecer que esta é a minha lista de perguntas e respostas antes de investir num ETF. No futuro, pondero investir em ETFs compostos por acções (mais risco) e dívida pública (menos risco) como o Vanguard LifeStrategy mas vou passo a passo. Ainda tenho muito que ler e sobretudo trabalhar para ter algum que possa investir 😃

Espero que tenha ajudado e bons investimentos 💸

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